sábado, 20 de agosto de 2016

São Bernardo, abade e doutor da Igreja

       Nasceu numa família nobre da Borgonha, no castelo de Fontaine-lès-Dijon, Dijon, em França, sendo o terceiro de sete filhos, em 1090. Em 1112, entra para a Abadia de Cister, onde se torna monge. Convence parentes e amigos, e entra no mosteiro juntamente com mais 30 candidatos a monges.
       Poucos anos depois, em 1115, o Abade, Santo Estevão Harding, incumbe-o da missão de achar um lugar adequado para fundar um novo mosteiro, em Clairvaux, isto é, Claraval. São Bernardo assume o cargo de Abade de Claraval.
       Os primeiros tempos são difíceis. São Bernardo é muito exigente. Apoia-se na Sagrada Escritura e em Santo Agostinho. Muitas pessoas afluem à Abadia, e a própria família acaba convertida, o seu pai e os seus cinco irmãos tornam-se monges de Claraval. A sua irmã toma hábito no priorado de Jully-les-Nonnains.
       Em 1118 são formadas novas casas cistercienses, para responder à superlotação de Claraval.
       Começa então a escrever diversas cartas e homilias. Defende os beneditinos, cistercienses de hábito branco, contra os beneditinos de hábito negro, de Cluny. O Abade de Cluny responde-lhe amigavelmente e apesar das diferenças tornam-se amigos.
       Em 1128, participa no concílio de Troyes, sendo nomeado secretário do Concílio e consegue que seja aprovada a Ordem do Templo (Templários). Ganha grande notoriedade na Igreja. Conselheiro de Papas, Bispos e Reis.
       Em 1145, a abadia de Claraval dá um papa à Igreja, Eugénio III.
       Mostra uma grande devoção a Nossa Senhora. Deve-se-lhe a invocação final da Salvé Rainha, "Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria".
       São Bernardo fundou ao todo 72 mosteiros, em Espanha, Inglaterra, Irlanda, Flandres, Itália, Dinamarca, Suécia e Hungria. Morreu no dia 20 de Agosto de 1153, tinha 63 anos de idade.

Oração (de coleta):
       Senhor, que fizestes de São Bernardo, abade, inflamado no zelo da vossa casa, uma luz que na vossa Igreja arde e ilumina, concedei-nos, por sua intercessão, o mesmo fervor de espírito para vivermos sempre como filhos da luz. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
São Bernardo, sobre o Cântico dos Cânticos

Amo porque amo, amo para amar

O amor subsiste por si mesmo, agrada por si mesmo e por causa de si mesmo. Ele próprio é para si mesmo o mérito e o prémio. O amor não busca outro motivo nem outro fruto fora de si; o seu fruto consiste na sua prática. Amo porque amo; amo para amar. Grande coisa é o amor, desde que remonte ao seu princípio, que volte à sua origem, que torne para a sua fonte, que se alimente sempre da nascente donde possa brotar incessantemente. Entre todas as moções, sentimentos e afectos da alma, o amor é o único em que a criatura pode corresponder ao Criador, se não em igual medida, ao menos de modo semelhante. Com efeito, Deus, quando ama, não quer outra coisa senão ser amado: isto é, não ama por outro motivo senão para ser amado, sabendo que o próprio amor torna felizes os que se amam entre si.
O amor do Esposo, ou antes o Amor Esposo, não pede senão correspondência e fidelidade. A amada deve, portanto, retribuir com amor. Como pode a esposa não amar, sobretudo se é a esposa do Amor? Como pode o Amor não ser amado?
Com razão renuncia a qualquer outro afecto e se entrega total e exclusivamente ao Amor a alma consciente de que o modo de corresponder ao amor é retribuir com amor. Na verdade, mesmo quando toda ela se transforma em amor, que é isso em comparação com a torrente perene que brota daquela fonte? Evidentemente, não corre com igual abundância o caudal do amante e do Amor, da alma e do Verbo, da esposa e do Esposo, da criatura e do Criador; há entre eles a mesma diferença que entre a fonte e quem dela bebe.
Sendo assim, ficará sem qualquer valor e eficácia o desejo da noiva, o anseio de quem suspira, a paixão de quem ama, a esperança de quem confia, porque não pode acompanhar a corrida do gigante, igualar a doçura do mel, a mansidão do cordeiro, a beleza do lírio, o esplendor do sol, a caridade d’Aquele que é a caridade? Não. Porque embora a criatura ame menos, porque é menor, se todavia ela ama com todo o seu ser, nada fica por acrescentar. Nada falta onde está tudo. Por isso, este amor total equivale ao desposório, porque é impossível amar assim sem ser amado, e neste mútuo consentimento de amor consiste o autêntico e perfeito matrimónio. Quem pode duvidar de que a alma é amada pelo Verbo, antes dela e mais intensamente?
Fonte: Secretariado Nacional da Liturgia.
Pode ver a oração atribuída a São Bernardo e outros elementos sobre a sua vida, no nosso blogue.

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