terça-feira, 13 de março de 2018

Levanta-te, toma a tua enxerga e anda...

Pela água e pelo Espírito Santo tornamo-nos novas criaturas, nascemos de novo, enformados como Corpo de Jesus que é a Igreja. Nas leituras propostas para hoje, a água aparece como elemento fundamental. Na primeira leitura, do profeta Ezequiel, a água em abundância produz vida, purifica, sara, gera abundância:
O Anjo disse-me: «Esta água corre para a região oriental, desce até Arabá e entra no mar, para que as suas águas se tornem salubres. Em toda a parte aonde chegar esta torrente, todo o ser vivo que nela se move terá novo alento e o peixe será muito abundante. Porque aonde esta água chegar, tornar-se-ão sãs as outras águas e haverá vida por toda a parte aonde chegar esta torrente. À beira da torrente, nas duas margens, crescerá toda a espécie de árvores de fruto: a sua folhagem não murchará, nem acabarão os seus frutos. Todos os meses darão frutos novos, porque as águas vêm do santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas de remédio» (Ez 47, 1-9.12).
       Também no Evangelho, a água surge como elemento purificador. As águas agitadas da piscina possibilitam a cura dos que nelas mergulham o corpo. Jesus é a Salvação em pessoa, é água, é vida nova, é cura. Quem vem/vai a Ele torna-se saudável não apenas de corpo mas sobretudo espiritualmente, capaz de viver, de amar, de caminhar para os outros, de abraçar, de partir, de rezar, de louvar...
Jesus subiu a Jerusalém. Existe em Jerusalém, junto à porta das ovelhas, uma piscina, chamada, em hebraico, Betsatá, que tem cinco pórticos. Ali jazia um grande número de enfermos, cegos, coxos e paralíticos. Estava ali também um homem, enfermo havia trinta e oito anos. Ao vê-lo deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, Jesus perguntou-lhe: «Queres ser curado?» O enfermo respondeu-Lhe: «Senhor, não tenho ninguém que me introduza na piscina, quando a água é agitada; enquanto eu vou, outro desce antes de mim». Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda». No mesmo instante o homem ficou são, tomou a sua enxerga e começou a caminhar. Ora aquele dia era sábado. Diziam os judeus àquele que tinha sido curado: «Hoje é sábado: não podes levar a tua enxerga». Mas ele respondeu-lhes: «Aquele que me curou disse-me: ‘Toma a tua enxerga e anda’». Perguntaram-lhe então: «Quem é que te disse: ‘Toma a tua enxerga e anda’». Mas o homem que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus tinha-Se afastado da multidão que estava naquele local. Mais tarde, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: «Agora estás são. Não voltes a pecar, para que não te suceda coisa pior». O homem foi então dizer aos judeus que era Jesus quem o tinha curado. Desde então os judeus começaram a perseguir Jesus, por fazer isto num dia de sábado (Jo 5, 1-3a.5-16).
       No Evangelho podem sublinhar-se outros aspetos relevantes. Aquele homem não tinha ninguém que olhasse por ele. Muitas passavam indiferentes. Como hoje pode acontecer. Há depois o preconceito (desculpa) religioso. A cura ao sábado provoca escândalo a quem não teve mãos, nem vontade, nem lembrança, nem generosidade para ajudar aquele enfermo, mas tem língua para expor e apontar...

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